Domingo tem outro jogo – todo dia tem, mas estou tratando sobre o nosso time. Bem, estava me lembrando da última terça. Dois dias antes todos já faziam planos, organizavam horários e o país parou para assistir a partida. Lembro-me que houve trânsito, confusão e gente correndo (praticamente um toque de recolher). Tá, fico meio impaciente por pensar que se dessemos um terço de toda essa importância que o mundial possui para assuntos que beneficiariam - diretamente – o Brasil..caramba, talvez não seríamos mais subdesenvolvidos.
Exemplificarei.
Se alguém perguntasse no início do ano: qual acontecimento deveras importante que envolvesse o país inteiro e determinasse o futuro do mesmo ocorreria no ano de 2010?
Aposto que muita gente - arrisco até à pensar em maioria – responderia: claro, copa do mundo! Imagino que saibam que está não é uma resposta correcta. Pois estava me referindo às ELEIÇÕES. Mas isso não é novidade para nós. Discute-se muito sobre futebol. Reclama-se sobre gols perdidos, faltas não marcadas, impedimentos. Julga-se as ações e decisões de um cara chamado técnico, empregando uma falta de importância até descabida com todo o resto que se opõe ao esporte. Ou seja, em época de copa nada mais é relevante. Busca-se saber a origem dos jogadores, vão ao fundo por informações, conversa-se sobre isso nos ônibus, nos trabalhos, nos supermercados, nas ruas, na feira, em casa..e a melhor parte: não se cansam. Imagine se algo assim fosse empregado com um objetivo político? É, mas eu sei e você também que é tudo muito chato, não dá resultados em poucas semanas (como no mundial) e além do que não se pode parar um país inteiro para decidir algo fundamental à se tratar de eleições, não é mesmo? Dá pra fazer apenas quando o assunto é redondo.
Tô reparando que os times têm lá suas semelhanças com os partidos e os jogadores com os candidatos. Observe: temos os mais fortes, temos os mais fracos,temos os favoritos, temos os erros que incidem no resultado final(erros de arbitragem),temos aqueles que distribuem cabeçadas (na política distribuem-se até mto mais), temos chances desperdiçadas (gols na trave), temos, ás vezes, sentimentos de pleno trabalho completo (que é o gol), temos times – lê-se: partidos - inteiros que não deveriam estar ali, mas por motivo de força maior se encontram (sabe a França? Então..) e temos tempo. Tempo contado para se botar em prática tudo o que foi prometido, ofertado, oferecido ao povo, à nação. No futebol são noventa minutos e na política quatros anos.
Mas, espere. Você que gosta de pintar o rosto, usar verde e amarelo, reúne a galera pra falar de futebol e indigna-se com placares vergonhosos como o último 2x1 na Coréia do Norte, acalme-se. Não me odeie. Eu também gosto de futebol. Também gosto do movimento todo causado pela Copa do Mundo.
Já fui mais crítica à respeito. Mas acho que com o tempo vou aprendendo que falta cultura sim, falta educação e inúmeras outras coisas triviais – façam uma lista. Mas este tipo de entretenimento faz parte. É o nosso Coliseu. Um povo tão sofrido, tão lastimado e trabalhador precisa esquecer os problemas e alegrar-se com futebol e carnaval.
Acho engraçado. Se eu falo que não torço pelo Brasil e sim pela Argentina, com certeza vão perguntar aonde anda meu patriotismo. Mas se você anula seu voto ou entrega ele à qualquer um, eu te pergunto: por onde anda o TEU?